Monday, March 08, 2010

carta de arquivo

time is the great healer (há controvérsias). vi meu vizinho fechando a porta quando saí no corredor agora há pouco. seria algo totalmente insignificante, a não ser pelo fato de que senti um cheiro que me congelou por dentro, fiquei imóvel por uma fração de segundo (poderia ter durado a eternidade e eu não notaria) e então percebi o golpe. era o cheiro da tua casa pela manhã. jamais pensei que isso pudesse ser reconhecido, repetido, notado ou reproduzido, mas ali estava eu com aquele sentimento, ou melhor, vários deles se atropelando dentro de mim. quando eu entrava na tua sala, era apenas mais uma coisa boba do dia-a-dia, agora com o tempo e a distância, se transformou em algo único, transborando de nostalgia, assim como todo o resto. mas o que resta? ontem senti teu perfume na rua, olhei em volta e nada. alívio e decepção. é tão forte que eu posso senti-lo mentalmente, mesmo que não haja uma mísera particula dele no ambiente. está preso a mim. eventualmente acordo com ele na cabeça, provavelmente para complementar os sonhos frequentes. nada basta, sempre é preciso sofrer mais um pouco! por mais que eu queira e precise fugir disso, essas pequenas coisas das quais eu não tenho controle algum me destróem, corróem, me deixam com o coração na mão. nas tuas.

Não sei se você já me esqueceu
Mas eu ainda me lembro de você.

Tava faltando um romantismo aqui. Agora tem. Libertem.

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