Pois o artista que existe no homem é o símbolo perene da união entre os eus conflitantes. É preciso dar um sentido à vida pela razão óbvia de que ela não tem sentido. Tem-se que criar algo que medeie de forma curativa e estimulante a vida e a morte porque a conclusão para a qual a vida aponta é a morte, e o homem, instintiva e persistentemente, fecha os olhos para este fato conclusivo. O sentido de mistério que existe no fundo de toda a arte é o amálgama de todos os terrores indizíveis que a realidade cruel da morte inspira. A morte então tem que ser vencida - ou disfarçada, ou transfigurada. Mas na tentativa de vencer a morte o homem é inevitavelmente obrigado a vencer a vida, pois as duas estão inextricavelmente ligadas. A vida caminha para morte, e negar uma é negar a outra. O sentido inexorável de destino que todo indivíduo criativo revela reside nessa consciência do objetivo, nessa aceitação do objetivo, nessa marcha para a fatalidade, que forma uma unidade com as forças inescrutáveis que o animam e o impelem.
Toda a história é o registro do memorável fracasso do homem em contrariar o destino.
Deve salvar o homem do medo da morte, para que seja capaz de morrer!
Henry Miller, A Sabedoria do Coração
Thursday, January 13, 2011
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