Monday, July 05, 2010

unknown road

"Aqueles que fazem mais do que lhes pedem nunca se esvaziam. Só os que temem dar são enfraquecidos pela doação. A arte de dar é um negócio inteiramente espiritual. Neste sentido, dar tudo de uma pessoa não faz sentido, pois não há limite, quando se fala da verdadeira oferta."















"Eu poderia apresentar intermináveis exemplos dessas coincidências ou "milagres", como os chamo livremente, que se acumulam em minha vida. Os números, porém, nada significam. Se apenas um tivesse ocorrido, teria a mesma validade impressionante. Na verdade, o que me deixa mais perplexo do que quase qualquer outra coisa, nas questões humanas, é a habilidade do homem para ignorar ou fugir de eventos ou acontecimentos que não se enquadram em seu modelo de pensamento, em sua lógica inquestionável. A esse respeito, o homem civilizado é exatamente tão primitivo, em suas reações, quanto o chamado selvagem. O que ele não pode explicar, recusa-se a olhar diretamente. Evade-se à questão empregando palavras como acidente, anomalia, fortuito, coincidência etc.
Mas cada vez que "isso" acontece, ele fica abalado. O homem não está à vontade no universo, apesar de todos os esforços de filósofos e metafísicos para fornecer um xarope calmante. O pensamento ainda é um narcótico. A questão mais profunda é o porquê. E é proibida. O próprio perguntar está na natureza da sabotagem cósmica. E o castigo são - as aflições de Jó.
Todos os dias da nossa vida somos presenteados com evidências da imensa e complicada interligação existente entre os acontecimentos que regem nossas vidas e as forças que dirigem o universo. Nosso medo de aprofundar os relâmpagos de insight que elas provocam é de chegar, talvez, a saber o que "acontecerá" conosco. Sabemos com certeza desde o nascimento que morreremos. Mas mesmo isso achamos difícil de aceitar, por mais certo que seja."


"A questão é - para onde queremos ir? E, queremos levar conosco nossa bagagem ou viajar desimpedidos? A resposta à segunda pergunta está contida na primeira. Para onde quer que vamos, devemos ir nus e sozinhos. Devemos, cada um de nós, aprender que ninguém mais pode nos ensinar. Devemos praticar o ridículo, para tocar o sublime.
Quem pode dizer quais são, realmente, as necessidades do outros? Ninguém pode de fato ajudar o outro, a não ser insistindo com ele para que se mova adiante. Algumas vezes, a pessoa deve mover-se sem se mexer do lugar. Desligar-se dos seus problemas, essa é a idéia. Por que tentar resolver um problema? Esqueça-se dele!"

Henry Miller, Big Sur e as Laranjas de Hieronymus Bosch

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