Thursday, July 08, 2010

sem mais laranjas.

"É a pessoa de quem você mais quer ter notícias a que nunca se dá ao trabalho de escrever. A complacência, se é este o caso, ou a indiferença de tais indivíduos é irritante; algumas vezes, pode deixar a pessoa frenética. Essa sensação de frustração pode, e isto de fato acontece, persistir até que, descobrimos que não estamos sozinhos, não estamos isolados, e não é importante receber uma resposta. Até despertar a consciência de que tudo o que importa é dar, e dar sem pensar em retribuição.
Algumas pessoas de quem inutilmente esperei uma resposta descobri, mais tarde, que estavam na mesma situação difícil na qual agora me encontro. Como seria maravilhoso, se eu soubesse disso na ocasião, ter escrito e dito: "Não se preocupe em responder. Simplesmente, queria que soubesse o quanto me sinto grato a você por estar vivo e espalhando criação." Hoje, ocasionalmente, recebo eu mesmo tais mensagens. Esse é o caminho do amor, que usa a linguagem da fé e do perdão.
Por que, então, não paro de pensar naqueles que exercem pressão em cima de mim? Por causa de minha própria fraqueza, provavelmente. Poderia haver esse sentimento de pressão, se eu tivesse a certeza de que me dou inteiro?"

Henry Miller, Big Sur e as Laranjas de Hieronymus Bosch


















Me sentei às onze da noite e fui dormir às três da manhã, mas terminei o livro. Nunca li por tantas horas seguidas e não faço idéia do que me motivou, quando eu percebi o tempo já tinha passado. O início dessa obra me empolgou bastante, li compulsivamente, mas depois chegou um ponto que eu achei tudo chato, cansativo, monótono, onde ele descreveu pessoas aleatórias em detalhes, sempre elogiando, então pensei que o caso estava perdido. Porém, ao chegar na terceira parte (o livro é todo dividido, inclusive ele comenta que não importa a ordem que se leia, se entenderá igualmente) e depois no epílogo, a coisa mudou de rumo e eu nem senti que estava lendo. Além de falar sobre o meu signo (não entendo nada, mas se é o meu, devo pelo menos considerar) e contar uma história absurda de um "amigo" parasita, finaliza comentando sobre como era difícil lidar com a situação de recaber milhares de cartas com pedidos de ajuda literária, conselhos, dúvidas, buscando opinião etc. Pretendo contar o que isso tem a ver com a minha vida, logo mais. Como eu sempre digo, nada é por acaso.

I won't say your name
But you know who you are
I'll never be the same again now - no way
I just want to say
Thank you for playing the way you play

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